
Claro que eu tinha que ir lá.
Mais um prédio histórico de Bragança sendo destruído e eu precisava registrar porque é isso que faço.
Eu fotografo a cidade, suas mudanças e suas memórias.
Nem sempre escrevo sobre isso porque acredito que as imagens que eu capturo falem por si só.
Eu só espero que as pessoas vejam minhas fotos e questionem a si mesmas que cidade é essa em que vivem.
Não é apenas mais uma demolição, coisa que tem sido bem recorrente ultimamente.
É uma parte da história que está sendo derrubada.
A cidade que existe hoje não é a mesma em que passei a minha infância.
O casarão onde vivi, na rua do Mercado, virou um aglomerado de galpões para lojas.
Esse prédio também vai deixar de existir completamente pra se tornar alguma coisa feita para vender.
A tal da economia precisar girar, as pessoas precisam de empregos para poder gastar com coisas que o passar dos anos vai fazer elas esquecerem.
Memória não é mercadoria. E é a única coisa que deveria durar para sempre.
Mas, como já disse Wally Salomão, "a memória é uma ilha de edição".
Isso vale pra memória coletiva, também.
O mercado é quem decide o que devemos lembrar.
- Shel Almeida